Júlia Lopes de Almeida (pseudônimo Ecila Worms): A Moda (1892-1901): Coleção: As Mulheres no Jornal O Paiz (Vol. 3)

A Moda (1892-1901), de Júlia de Lopes Almeida (pseudônimo Ecila Worms), é o terceiro volume da  coleção As Mulheres no jornal O Paiz, a qual contém os resultados do projeto de pesquisa “É preciso falar sobre as ausentes. Mulheres cronistas na imprensa oitocentista: Pesquisa em acervos”, coordenado por Alexandro Paixão (Unicamp), Ana Cláudia Suriani da Silva (UCL) e Tania Regina de Luca (Unesp). O projeto contou com o apoio financeiro da Unicamp (Bolsa BAS), da Unesp (Bolsa PIBIC) e da University College London e atualmente é apoiado pelo Edital Universal do CNPq (18/2021) para grupo consolidado.

O projeto visa localizar, de forma sistemática, a colaboração das escritoras Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921), Maria Benedita Câmara Bormann (pseudônimo Délia, 1853-1895), Emília Moncorvo Bandeira de Melo (pseudônimo Carmen Dolores, 1852–1910) e Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) na imprensa do Rio de Janeiro no período da chamada Belle Époque. A pesquisa parte do acervo digital de periódicos disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, da Fundação Biblioteca Nacional. As edições digitais pretendem reavaliar a presença feminina na imprensa de fins do Oitocentos, de modo a contribuir para dar visibilidade e construir novas narrativas acerca das vozes femininas, em grande parte, ainda silenciadas.

O terceiro volume reúne as 105 crônicas inéditas em livro da escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida publicadas em O Paiz entre 1892 e 1901 sob o título “A Moda, as quais objetivavam educar e orientar as leitoras em relação a tópicos relacionados à aparência e educação da mulher. Indo além das tendências passageiras, Ecila Worms enfatizava a importância de se escolher roupas com propriedade e acerto. Destaca-se das suas crônicas a importância de saber vestir-se corretamente, o que envolve escolhas conscientes, a compreensão das nuances de estilos e a adesão a ideais de beleza influenciados por padrões europeus, além da atenção à higiene corporal e da adequação à situação, à idade e à estado civil da mulher. A coluna, portanto, também nos oferece uma porta de entrada às experiências e opiniões das mulheres finisseculares e um retrato mais fiel do que era ser mulher ou, melhor dizendo, do que era preciso para se tornar mulher no final do século XIX. Os textos apresentam inúmeros elementos que podem ser relacionados ao conceito de performatividade de gênero, conforme argumentou Judith Butler, pois o gênero não é uma característica inata, mas sim uma construção social, continuamente realizada e reforçada por meio de ações repetidas e performances. O volume contém uma introdução assinada pelas pelas organizadoras, Tania Regina de Luca e Ana Cláudia Suriani da Silva, e um índice onomástico. A escolha da Editora da Faculdade de Educação da Unicamp justifica-se pelo vínculo instituicional do projeto com a FE, pelo prestígio da editora que publica e-books de livre acesso, o que corresponde ao desejo dos organizadores de tornarem os resultados da pesquisa acessíveis universalmente, sem nenhum custo para seus leitores.